
Nas artes – como em várias indústrias – as mulheres não são tão representadas quanto os homens. Mas já faz um tempo que existe um contra-ataque pela valorização feminina no mercado. Seja com páginas que divulgam conteúdo na internet (Mulheres em Quadrinhos), seja buscando financiamento coletivo para dar vida a projetos feitos por mulheres (Zine XXX, Magra de Ruim), artistas, ilustradoras e quadrinistas vêm, pouco a pouco, mostrando que existem, sim, e querem sair dos bastidores da indústria.
Nesse caminho, surgiu o projeto Selfless Portrait das Minas, criado pela artista Suzana Maria, de 22 anos. É um grupo fechado no Facebook, exclusivo para mulheres, com mais de 350 membros. As participantes são divididas em duplas por meio de um sorteio e cabe a cada uma desenhar a outra. “Os homens tomam conta do meio da ilustração”, afirma Suzana. “Então essa ideia surge para incentivar mais mulheres não só a desenhar, mas também divulgar seus trabalhos num espaço onde não haverá julgamento.” Dá para entender o Selfless Portrait das Minas como um misto de networking e mentoreamento. A ação fez tanto sucesso que novas participantes não esperam nem mais o sorteio e saem desenhando outras participantes aleatoriamente apenas pelo prazer de fazer parte da ideia.
Outro ponto positivo: o projeto acaba tendo meninas reais como inspiração. Ou seja, corpos que não dialogam com os duros padrões de beleza ganham a arte. “É muito forte aceitar a perspectiva do outro sobre você mesma”, diz Suzana. “E mostramos, uma para as outras, como somos todas lindas em nossa própria individualidade.”
Além disso, o resultado traz uma maior complexidade e profundidade da representação do feminino. Assim como em nas fotos de agências (stock images), muitas vezes as ilustrações de mulheres são baseadas em esterótipos. Faça um passeio pelo Pinterest: há infinitas imagens (deslumbrantes!) de mocinhas carregando sacolas, passando batom, em poses de revista de moda, segurando gatos, admirando arco-íris, mandando beijinho. Mas é dificílimo encontrar representações artísticas de mulheres líderes ou em ações comuns como observar um mapa, usar o computador, dirigir um carro, jogar futebol ou tocar guitarra. E o Selfless Portrait das Minas também preenche essa lacuna tão importante para todas as mulheres, até mesmo aquelas que nunca pegaram num pincel.
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